terça-feira, 2 de novembro de 2021

CITA - Minha nova cidadania

 

     Meu pai foi  nascido na España em 30/08/1915, mais precisamente em Seron na província de Almeria. Sempre soube dessa origem, mas acreditava que não teria direito a cidadania porque meu pai mudou seu nome quando fez seu passaporte lá na sua juventude.

     Quando a España começou conceder aposentadoria aos espanhóis residentes no Brasil, meu primo fez a solicitação para meu pai e foi negada, porque na certidão de nascimento dele o nome era: Juan Ramon dela Santa Cruz Vega Castaño........ lindo demais, né!! Nos seus documentos brasileiros era Juan Ramon Vega Castano, isso mesmo, sem o til no n.

     Baseada nesse fato nem pensava em cidadania. 

     Mas, sempre há um mas.... as coisas estão difíceis por aqui e pensando nos meus filhos e netos, comecei a pensar na distante possibilidade de solicitar essa cidadania. Não fui atrás de informações, estava esperando nem sei o que.....

     Em junho quando eu estava passeando com as amigas em Minas Gerais, nas cidades históricas, minha prima Godiva com quem converso regularmente através do WhatsApp pediu se poderia passar meu contato para seu irmão, Edson. Ele também gostaria de  conversar comigo....... Foi muito rápido que  entramos em contato e na conversa deliciosa que tivemos ele perguntou se eu não tinha interesse em solicitar minha cidadania espanhola, ele e sua irmã mais velha, Edna, tem essa cidadania que obtiveram pela parte de nossa família materna que também são espanhóis.

    A conversa foi deliciosa, muito bom conversar com gente inteligente e com tem temos interesses em comum além da origem e da história da família.... Nos dias seguintes ele foi me orientando por troca de mensagens, disse que essa troca do nome do meu pai não teria relevância, uma vez que não era nome de família, apenas uma referência a igreja onde havia sido batizado. E então comecei a tomar as providências, aliás, ele tomou todas as providências. Solicitou na España a certidão de nascimento do meu pai, que chegou rapidamente e sem custo algum!!! Isso mesmo, sem custo !!





     Foi meu primo quem solicitou a certidão de nascimento de inteiro teor da minha mãe, nascida em Brury-SP, localizou o cartório onde foi realizado o casamento deles aqui em São Paulo e foi me orientando em cada detalhe........ Eu paguei os documentos solicitados em inteiro teor e com apostilamento, o que também não foi caro, em vista do que as pessoas gastam contratando advogados para preparar essa documentação.

     Muito gostoso ler esses documentos, eles contam a nossa história, emocionante. A certidão de nascimento da minha mãe é linda D+ vou deixar todos esses documentos aqui como imagem.

     Aí começam as surpresas, a primeira: eu fui registrada como Rosimeire ...

    Incrível como uma pequena letrinha causa um pequeno transtorno e um pequena crise de identidade, eu nunca gostei que escrevessem meu nome errado, afinal eu sou Rosemeire, ou será que não?? 

     Pra corrigir esse erro, que se deu pela transcrição errada do conteúdo do livro de registro para a certidão emitida, lá em 1964, tive que voltar ao cartório, este na Vila Maria e autorizar a alteração, mas na certidão de inteiro teor lá está meu nome como Rosimeire....... (aqui caberia um emoji de carinha feia) eu não curti essa novidade, é estranho, mas apenas esse detalhe dá um nozinho na cabeça, já fiquei imaginando quem descobre que os pais não são os pais e por aí segue.......

   Com os documentos prontos e a CITA agendada no consulado da España surgiu outro probleminha. Na certidão de nascimento do meu pai, o nome da minha avó estava como Matilde Castaño Sanches e nos outros documentos brasileiros como Maria Dolores ....... Chegou dar um certo desânimo, mas conversando com o primo Edson decidi que iria tentar mesmo assim. Caso desse problema aí então veríamos como resolver. Já tinha um contato de especialista srº Francisco para ajudar depois.....

     Meu primo me deu todas as informações, todas mesmo. Desde essa parte burocrática e legal até como chegar de transporte público no consulado. Lá fui eu, dia 27 de outubro de 2021 às 12h40, uma quarta feira, para o consulado, como tinha essa divergência no nome da avó, eu já estava preparando o emocional para o não... era uma boa possibilidade. Na verdade o que me deixa preparada para os nãos da vida é a quantidade deles com que já tive que lidar...... e a maturidade. Aos 57 anos não dá pra ficar choramingando pelos cantos, também atribuo a força das mulheres espanholas especialmente as da minha família com quem identifico essa força enorme que sinto cotidianamente.

      Quando fui chamada, entreguei os documentos, que já começaram a ser lidos, e segura coração!! Assim que a atendente viu a divergência de nome, foi consultar outras duas pessoas na sala e demorou um pouco, não sei dizer o tempo, esse tempo de espera não é medido pelo relógio. Quando ela voltou ao balcão, me perguntou: você sabe o nome da sua avó? E naquele momento eu não sabia, só sabia que tinha dois..... Ela informou da divergência e me entregou outro formulário para preencher, já me dizendo que meu nome na minha certidão de nascimento espanhola será: Rosemeire Vega Altarejo 

    Não dá pra descrever a sensação, escrevendo aqui voltei a sentir a mesma emoção, as lágrimas brotam.......

     Eu sou uma cidadã espanhola, eu sou uma espanhola, eu sou uma espanhola, eu sou uma espanholaaaaaaaaa!!!

     Indescritível essa sensação, eu não desejei, mas quando chegou pra mim essa nova identidade, ela me invadiu e tocou todos os cantinhos da mais profunda emoção. Fico imaginando meus pais... meu pai que nunca retornou a España depois que chegou aqui em 1922, nunca solicitou naturalização brasileira, embora se considerasse brasileiro, nunca votou aqui, mas trabalhou em campanha política. Tinha um pensamento um tanto revolucionário e maluco dos espanhóis.... Minha mãe que não teve seu sobrenome colocado nos filhos, esse machismo entranhado em nós, agora tem uma filha que leva seu nome.... (mais lagriminhas). Eu chorei lá sentada preenchendo esse formulário,  protegida pela máscara, que guardou a privacidade da minha emoção.....

     Nesta postagem só tem lugar para a felicidade. 

     Quando você toma pra si a responsabilidade sobre a sua felicidade, ela acontece nas pequenas e nas grandes coisas, não é o outro que é responsável pela sua alegria ou desalento, é sim, o que você permite que façam com você. Hoje eu me sinto super bem, eu sou a responsável por me dar momentos incríveis e eu dou todos os dias. Desde quando acordo 5h40 para ir trabalhar numa segunda feira até quando irei ao consulado da España buscar minha nova certidão de nascimento daqui a dois meses......




Aí temos mais um capítulo: Rose Ser Feliz, tinha pensado em mudar o nome do blog, mas pensando melhor, está bem assim!!!





     



segunda-feira, 11 de outubro de 2021

A Lola....

 

     Meu filho estava sempre me contando da intenção de ter um cachorrinho......

     Eu gosto de cachorro, mas não me imagino convivendo dentro de casa com um. Já tive alguns, tem até postagem contando do Luck .... mas já faz tempo.

     Eis que em junho a Carol manda mensagem no grupo de WhatsApp da família contando que a família cresceu, que compraram um cachorrinho, e foi uma festa, todos sem querer acreditar e querendo detalhes, logo vem a foto do bebê schnauzer no colo da Carol.... Pra mim como pra todos foi uma surpresa! Mas eu nem de longe poderia imaginar que esse bebê cachorro chamada Lola ia roubar meu coração. Eu estranho e quem me conhece também, minha filha nem acredita no que vê e ouve, quando me vê falando da Lola.

     Engraçado ver a Bruna falando: "Mãe, não estou acreditando, que espírito que te pegou??  Sai desse corpo que ele não te pertence, cadê a minha mãe?"

     E é assim mesmo, já hospedei a Lola por duas vezes, hoje 11/10/21, ela está aqui, lá no meu sofá, reinando como uma "rainhazinha",  e eu?? Curtindo, é claro. 
Já fotografei, já postei, ja coloquei foto de perfil..... aí está, a Lola:


2 de junho, Laura fazendo 5 anos 


A primeira tosa da Lola.
















A Lola hospedada e fazendo sucesso na minha casa.


Concurso de fotografia de Monte Sião - MG "De bem com Deus" tema 2021 "Somos todos irmãos"

 

     Mais uma vez vou lá colocar minha cara, em forma de fotografia....

     Quando saiu o tema do concurso achei difícil. Como mostrar que somos todos irmãos num mundo tão excludente, tão injusto, ou melhor, que está se moldando de forma injusta e praticamente sem conserto? 

     Logo fui recorrer ao meu "acervo escolar" tenho feito muitas fotografias na escola, onde meu mundo se amplia e se restringe. Escolhi algumas fotos, fui atrás de autorização, levei um tempo pensando, vasculhando e escolhendo, enviei duas fotos...... mas não estava satisfeita. 

     Numa segunda feira faltando uma semana pra terminar o prazo de inscrição, conversando com a Lucimar, diretora da escola pública onde eu trabalho, ela me contou que tinha ido levar marmitex para os moradores de rua. Também me disse que lembrou de mim porque ficou impressionada com o rosto dos homens e mulheres atendidos...... 

     Perguntei pra ela se ia repetir essa distribuição e que eu gostaria de poder acompanhar e fotografar..... Devidamente orientada e autorizada pelos organizadores do grupo, fiz as fotos no domingo e na mesma noite enviei, era o último dia.

     Assim foi a história, tudo acertado e combinado fui lá pra casa da Lucimar de onde íamos sair num domingo de manhã pra fazer essa distribuição de comidas prontas.

     Desde sempre os moradores de rua me causam forte impressão, um impacto mesmo, fico pensando: "como pode um ser humano se acostumar com essa vida?" Eu fico muito tocada. Na primeira parada no metrô Belém, chegam alguns homens pra pegar a marmita, e uma moça muito bonita, muito bonita mesmo, um rosto lindo e um corpo perfeito, jamais poderia imaginar qualquer daquelas pessoas na situação de rua. 

     Tinha na minha mente a imagem do mendigo, e os homens e mulheres que vi ali, não correspondiam a essa imagem. Me pareceu que são os novos moradores de rua, que acabaram de chegar, impelidos pelas dificuldades econômicas pós pandemia e governo bolsonauro......

     Um fato pra destacar, quando eu vou  fotografar, eu mergulho no lugar, seja uma casa, uma festa, uma paisagem, me sinto parte. Isso não aconteceu, eu fiz fotos sem graça, porque eu não estava lá inteira........ Não conseguiria estar. Quando eu fotografo eu esqueço das dores no pescoço, da canseira, me entrego, me faço invisível e não foi possível me tornar parte dessa dor.  Eu não fazia parte daquele cenário.

     Com essa foto do grupo de mulheres terminamos o trabalho. Dia 12 de Setembro de 2021.



A ONG "Pessoas do bem" é que faz esse trabalho que eu acompanhei, vou deixar aqui o link que leva até eles....



    

 Hoje, 11 de outubro fiquei sabendo pelo Joilton que duas das fotos que enviei ganharam menção honrosa. O concurso valia dinheiro e eu nunca fiquei tão feliz por não ganhar dinheiro, seria desonesto e desonroso ganhar dinheiro com essas fotografias..... 




Foto 01A: "Água pra quem tem sede"


Grupos de pessoas se organizam semanalmente pra oferecer comida, água e apoio às pessoas em  situação de extrema vulnerabilidade. 









Foto 02B: "Desalento"

Comer, beber, dormir, sofrer e até sorrir nas ruas das grandes cidades.   
"Um homem se humilha se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho
E sem o seu trabalho, um homem não tem honra
E sem a sua honra, se morre, se mata" - Raimundo Fagner  


(Eu precisei da ajuda da poesia, não dei conta de descrever essa fotografia)



O motivo desta postagem é memória, registro. Não sou jornalista, não compete a mim denunciar ou divulgar a miséria humana.
Apenas lamentar e chorar...... 


domingo, 22 de agosto de 2021

Concursos de Fotografia

            Ainda lembro da vergonha quando fui pela primeira vez no Parque do Carmo levando minha câmera, era festa das cerejeiras e eu tinha a sensação que com aquela câmera grande nas mãos eu queria "aparecer".  Tinha 48 anos e foram tantos anos querendo me esconder, querendo passar despercebida, de repente um objeto vem "me mostrar"......


          Foi assim mesmo, a câmera fez com que eu me mostrasse, mostrasse um lado que  nem sabia que existia dentro de mim. Quase 10 anos depois, eu converso com as pessoas, abordo com educação e discrição, mas não passo vontade de perguntar, de elogiar, de pedir pra fazer uma fotografia. Hoje me defino sem o adjetivo "tímida", esse fui deixando aos poucos, até o ponto de fazer vídeo comemorando e girando numa praça de cidade do interior em plena tarde de sábado.....


          Mas isso merece uma explicação, neste ano coloquei minha fotografia, por incentivo e dicas do amigo Joilton em concursos, não sei dizer quantos, porque em alguns não tive destaque, mas em três tive foto premiada......

          O primeiro foi no https://www.viaculturalblog.org.br/via-arte-para-todos 

          Fiz uma fotografia no portão da escola quando acompanhava a entrada das crianças e ganhei na votação popular, também tive a minha premiação divulgada em circular pela DRE-Itaquera, motivo de grande orgulho e satisfação, ganhei a fotografia impressa em foam, dois livros do SESC e certificado.

          Essa fotografia representa o retorno à escola em tempos de pandemia, poucos alunos, uso de máscaras, aferição de temperatura, aplicação de álcool em gel nas mãos, maior número de funcionários, e por aí vai. Um símbolo da educação pública em 2021.





          A segunda fotografia foi do concurso "O trabalho e os trabalhadores 2021 - Cor".

          Quando fiquei sabendo da minha classificação, nem acreditei, enviei duas fotos e  não botava muita fé nessa que se destacou..... muitas alegrias que a arte da fotografia trouxe pra minha vida...

          Essa fotografia está exposta na passagem literária da Consolação, antiga travessia de pedestre, hoje galeria de arte, fiquei mais feliz do que criança quando ganha doce, fiz vídeos, fotografei, curti muito as outras fotos incríveis também ganhadoras. Minha amiga Luciene foi comigo e fizemos uma festa juntas, festa da arte, da alegria, do momento cultural de grande destaque na minha vida, Obrigada, Lu!! Você sempre me salva....... 














          E pra coroar meu ano "fotográfico" ontem 21 de agosto fui até a cidade de Amparo ver minha fotografia exposta na praça da Matriz juntamente com outras tantas obras de arte produzidas por fotógrafos profissionais e amadores em 2020 e 2021.

          Assim que recebi do Joilton a informação através de um vídeo, já comecei me organizar pra ir até lá ver a minha arte. Os amigos próximos e muito queridos, Paulo e Ivone foram comigo neste deliciosa aventura.


Aguardando novos ares.










domingo, 23 de maio de 2021

2020 - Um ano atípico! De verdade, não só pra mim......

        Em fevereiro cheguei do passeio mais longo da vida que surpreendeu, alegrou e deixou registros incríveis. Até prêmio de fotografia eu ganhei com uma foto que fiz lá. Meu primeiro reconhecimento público do trabalho tão amado com fotografia. No final da postagem confiram a foto! 


       Hoje, maio de 2021 não conseguimos ir até a esquina em paz, uma faca paira sobre as nossas cabeças, quem vai ser o próximo?? Assustador... Assim que retomei a rotina de trabalho na escola em fevereiro mesmo, (cheguei da Turquia dia 19, dormi um cochilo e acordei correndo pra ir pra escola) não estar aposentada e tranquila tem essas desvantagens, ou vantagens não sei afirmar ainda.... Começaram os rumores da COVID-19 no Brasil. Havia um virus na China que estava matando pessoas e chegando a Europa......


        Eu não acreditava que isso pudesse ter alguma repercussão física por aqui. Pra mim era coisa muuuuuito distante. Em meados de março, a notícia que a escola ia fechar, lá vou eu com meus pensamentos "vou aproveitar esses dias e viajar, acho que vou pra casa da Bruna" imaginei uns dias de folga extra como aconteceu uma vez com a gripe suína. 


  Silêncio!! 


         Porque não vou relatar o óbvio, a grande tragédia que se abateu sobre nós. A COVID-19 chegou batendo com força, todos, pelo menos eu a minha família trancados em casa assustados, limpando tudo, passando álcool em tudo e começando usar máscaras para sair as ruas. Eu sentia uma vergonha diferente, usar máscara dava a sensação que queria aparecer, que queria ser melhor ou diferente dos outros, mas bastou ir pra rua a primeira vez pra constatar que não havia nada de diferente em mim. 


        Como faz um ano e meio que não escrevo nem público, não sei muito pra onde caminhar, mas tem um caminho que não dá pra deixar de lado. Em 2018 o povo brasileiro elegeu um louco para presidente, na época eu adoeci de indignação, perdi amigos (que foi até bom, não suportaria essas pessoas). Esse fanático entre tanto retrocesso que impôs ao país na administração da Pandemia, porque foi decretada uma pandemia pela OMS, marcou sua postura e ampliou a tragédia. Não vou me deter mais nisso, afinal esse capítulo da história do Brasil será lamentado por toda a história..... já caminhamos 40 anos pra trás. Só não posso me furtar de falar da educação, como professora, lamento o grande estrago. Ministros da educação que se empenharam em destruir o sistema já precarizado e as crianças pobres fora da escola. Sim fora mesmo, porque quem não tem um bom equipamento, com uma boa internet e uma família em cima ou por baixo disso tudo, está sim fora da escola..... são milhares de crianças!!!


        Pra mim, na contagem dessa tragédia, os números da Educação não podem ficar de fora. Já temos especialistas em Educação fazendo essa denúncia e chamando a atenção para o fato, embora no momento os mortos, doentes, UTIs, abre e fecha do comércio assim como os desmandos do governo tomam a cena. Principalmente a péssima administração da pandemia que gerou uma CPI. 


         Está retomado o blog, quando tive tempo, não tive vontade ou coragem, hoje com os minutos contados, retomei meus registros. 






Esta fotografia me rendeu o prêmio do VII concurso de fotografias 
-De bem com Deus- 2020
dentro do tema: 
"Terra: Nossa casa comum"