Mais uma vez vou lá colocar minha cara, em forma de fotografia....
Quando saiu o tema do concurso achei difícil. Como mostrar que somos todos irmãos num mundo tão excludente, tão injusto, ou melhor, que está se moldando de forma injusta e praticamente sem conserto?
Logo fui recorrer ao meu "acervo escolar" tenho feito muitas fotografias na escola, onde meu mundo se amplia e se restringe. Escolhi algumas fotos, fui atrás de autorização, levei um tempo pensando, vasculhando e escolhendo, enviei duas fotos...... mas não estava satisfeita.
Numa segunda feira faltando uma semana pra terminar o prazo de inscrição, conversando com a Lucimar, diretora da escola pública onde eu trabalho, ela me contou que tinha ido levar marmitex para os moradores de rua. Também me disse que lembrou de mim porque ficou impressionada com o rosto dos homens e mulheres atendidos......
Perguntei pra ela se ia repetir essa distribuição e que eu gostaria de poder acompanhar e fotografar..... Devidamente orientada e autorizada pelos organizadores do grupo, fiz as fotos no domingo e na mesma noite enviei, era o último dia.
Assim foi a história, tudo acertado e combinado fui lá pra casa da Lucimar de onde íamos sair num domingo de manhã pra fazer essa distribuição de comidas prontas.
Desde sempre os moradores de rua me causam forte impressão, um impacto mesmo, fico pensando: "como pode um ser humano se acostumar com essa vida?" Eu fico muito tocada. Na primeira parada no metrô Belém, chegam alguns homens pra pegar a marmita, e uma moça muito bonita, muito bonita mesmo, um rosto lindo e um corpo perfeito, jamais poderia imaginar qualquer daquelas pessoas na situação de rua.
Tinha na minha mente a imagem do mendigo, e os homens e mulheres que vi ali, não correspondiam a essa imagem. Me pareceu que são os novos moradores de rua, que acabaram de chegar, impelidos pelas dificuldades econômicas pós pandemia e governo bolsonauro......
Um fato pra destacar, quando eu vou fotografar, eu mergulho no lugar, seja uma casa, uma festa, uma paisagem, me sinto parte. Isso não aconteceu, eu fiz fotos sem graça, porque eu não estava lá inteira........ Não conseguiria estar. Quando eu fotografo eu esqueço das dores no pescoço, da canseira, me entrego, me faço invisível e não foi possível me tornar parte dessa dor. Eu não fazia parte daquele cenário.
Com essa foto do grupo de mulheres terminamos o trabalho. Dia 12 de Setembro de 2021.
Foto 01A: "Água pra quem tem sede"
Seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho
E sem o seu trabalho, um homem não tem honra
E sem a sua honra, se morre, se mata" - Raimundo Fagner
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