Depois do encantamento por Ushuaia, foi a vez de conhecer El Calafate.
Um aparte aqui pra falar do aeroporto de Ushuaia, todo de madeira, com um telhado lindo que de longe se vê azul, mas dentro as linhas do suporte dão magnitude ao ambiente....
Um voo direto com pouco mais de uma hora de duração, quando nos aproximamos já deu pra ver um rio verde esmeralda e o lago argentino, que naquele momento não sabia exatamente o que era, mas já era uma vista que impressionava. Ao redor, o que parecia ser um grande deserto, era a vegetação da patagônia...
No pacote já estava previsto para o mesmo dia o passeio "Experiência Nativa", fomos avisados para ir agasalhados, viriam nos buscar às 20h porque a experiência tinha que ser a noite, um jantar numa caverna. Interessante que eu comprei o pacote de viagem com todos os passeios, mas não tinha ideia exata do que esperar, deve ser por isso também o meu encantamento, foi como ser jogada numa experiência sem preparo.
Saímos para conhecer a rua principal da cidade de El Calafate e em seguida os preparativos para o jantar na caverna. Pontualmente o rapaz chegou e no trajeto foi explicando sobre a história dos povos nativos, do clima, da vegetação e bem interessados chegamos ao local. Primeira coisa, tirar fotos.... missão quase impossível!!!
O vento não permitia estabilidade alguma, o frio ampliado pela sensação térmica cortava as mãos.... Mas aí já começou a diversão. - Detalhe, o guia era muito bem preparado, inteligente, falava com propriedade e se dispunha a elucidar nossas dúvidas prontamente.
Já percebi que a câmera não serviria pra muita coisa, então, desencanar e viver a "nativa experiência"
Estava frio mesmo, por cima de toda essa roupa, o guia nos forneceu um "capote" de couro forrado.
As mãos e a cabeça precisavam muito de proteção, então era: puxa o cachecol, arruma a touca, põe a luva, aí tira a luva, arruma o cachecol, encaixa a touca.... infinitas vezes!
Seguimos já no escuro por uma pequena trilha onde ele nos mostrou escritas nas paredes, objetos, pedras e utensílios usados pelos nativos que primeiramente povoaram as terras geladas da patagônia. A caverna era uma abertura numa pedra que ficava no alto, sobe-se por uma pequena escada de madeira. Depois percebi, enquanto ainda conseguia perceber alguma coisa, que a caverna era aberta em cima, então o vento tinha livre acesso de entrada e saída...... e ele entrava e saía bem rápido deixando tudo tão super gelado ao fazer esse caminho, que não dava nem pra pensar!
Meus pensamentos eram: puxa a touca, arruma o cachecol, põe a luva, tira a luva pra beber, põe a luva pra mão não congelar...... que "experiência nativa" foi essa......!!
Foi servida uma sopinha numa caneca, suco e vinho a vontade na mesa e como estava muuuuito frio - por enquanto o maior que já senti na vida - comecei tomar vinho, na segunda taça já estava rindo sem parar. Em seguida serviram dentro de um lindo pão um guizado de cordeiro com legumes. Estava gostoso, mas esfriava muito rápido, então o jeito foi tomar mais vinho...... me diverti e ri como poucas vezes na vida!! O guardanapo que estava na mesa voava quando tirava o copo que o segurava, chegava outro que logo em seguida voava também.... e tudo era motivo pra dar rizada, muita rizada...... Que delicia foi essa primeira noite em El Calafate!!!!